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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Policiais à paisana se infiltram em manifestação contra a Escola das Américas nos EUA

Policiais à paisana se infiltram em manifestação contra a Escola das Américas nos EUA


Pelo menos uma das 29 pessoas que foram detidas, no dia 20 de novembro, em Fort Benning, durante uma manifestação na vigília anual do School of Americas Watch - SOA Watch, organização que pede o fechamento da Escola das Américas, em Columbus, Georgia, nos Estados Unidos, era um policial à paisana infiltrado.

A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada no sítio National Catholic Reporter, 23-11-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A revelação veio quando Lauren Stinson, agente de narcóticos do condado de Muscogee, Geórgia, que estava à paisana, deu seu testemunho no tribunal, no dia 21 de novembro, de que havia participado de duas reuniões com os manifestantes do SOA Watch e se infiltrou entre os ativistas durante a manifestação.

Os organizadores do SOA Watch, entretanto, disseram no dia 22 de novembro que acreditavam que pelo menos mais quatro dos detidos perto da rua que leva até os portões da instituição militar também eram agentes secretos.

O que dá suporte à sua alegação, dizem os organizadores, é um vídeo feito no local das prisões. Os organizadores do SOA Watch disseram que, no vídeo, pode-se ver que cinco dos detidos na manifestação não foram finalmente presos e não acabaram no tribunal depois da detenção.

Vários dos detidos por causa da ação do sábado também disseram que poderiam reconhecer no vídeo que os agentes detidos participaram de debates com os organizadores antes das prisões.

O fundador do SOA Watch, o padre maryknoll Roy Bourgeois manifestou a sua raiva e sua frustração com as recentes revelações.

Disse Bourgeois: "Eles deveriam se envergonhar. Eles estão nos vendo como inimigos, quando, na mesma rua, está a base militar que tem contribuído com muita violência".

O diretor jurídico do Center for Constitutional Rights e voluntário do SOA Watch, Bill Quigley, disse que o uso de agentes à paisana parece ser "um exagero" e um "desperdício dos recursos dos contribuintes".

"Provavelmente, foi um ótimo final de semana na Geórgia para os traficantes de drogas", disse Quigley ironicamente. "Algumas pessoas em Columbus que, normalmente, estariam aplicando as leis antidrogas estavam, ao contrário, falando com padres, freiras e estudantes universitários para se sentarem na rua por 10 minutos".

As detenções do sábado ocorreram quando os ativistas estavam encerrando um encontro nos portões do Fort Benning durante a tarde. Centenas de pessoas se reuniram na calçada da rua principal da base militar, voltadas para um centro comercial próximo, enquanto gritavam frases de efeito e carregavam grandes bonecos de papelão.

A polícia parou diretamente na frente dos ativistas. Como a atividade continuou, a polícia advertiu os ativistas que seriam presos por se reunirem ilegalmente, caso pisassem na rua ou fora da área designada para o protesto do grupo.

Enquanto os ativistas começavam a abandonar a manifestação, a polícia prendeu 29 pessoas em dois grupos separados, disseram os organizadores do SOA Watch.

Um grupo de 17 pessoas foi detido quando tentava deixar o comício em grupos de duas e três pessoas. Eles foram acusados de bloquear a rua e de não terem se dispersado. O SOA Watch disse que ninguém desse grupo pretendia ser preso.

Estavam nesse grupo três jornalistas da rede de televisão Russia Today: Kaelyn Eckenrade, Jihan Abdel-Hafiz e Khadja Abdel-Hafiz. Os três estavam tirando fotos e gravando vídeos das detenções.

Também estava nesse grupo Curtis Thornton, morador de Columbus, que testemunhou no tribunal no dia 21 de novembro, trabalha em uma barbearia vizinha e havia saído de seu prédio para tirar fotos da ação, quando foi preso.

Outro grupo de 12 pessoas foi preso ao bloquear propositadamente a rua em um ato de desobediência civil. Os organizadores do SOA Watch disseram que cinco pessoas desse grupo não foram colocados na prisão com os outros sete e não foram acusados de nenhum crime. Os sete restantes foram acusados de bloquear a rua e de não terem se dispersado.

Vinte e duas das 24 pessoas que foram acusadas de crimes no dia 20 de novembro se apresentaram perante o juiz do tribunal de Columbus, Michael Cielinski, no dia 21 de novembro. Cielinski considerou que 21 pessoas desse grupo eram culpadas e condenou-as a pagar multas entre 1.300 e 5.500 dólares.

As outras duas pessoas que foram incriminadas no dia 20 de novembro – o padre jesuíta Bill Brennan e Janice Sevre-Duszynska – foram julgadas em separado. Eles se apresentaram diante do juiz do Estado da Geórgia, Stephen Smith, no dia 22 de novembro e também foram considerados culpados.

Brennan foi condenado a pagar 50 dólares de multa; Janice, 500 dólares. Ambos também foram condenados a seis meses de liberdade condicional.

Os dois foram julgados separadamente porque Brennan usa cadeira de rodas e não podia ser preso por policiais no local. Janice Sevre-Duszynska, membro ordenado das Roman Catholic Womenpriests, estava acompanhando Brennan no local.

No fim de semana, outras quatro pessoas foram presas pelas autoridades federais por invadir o complexo militar de Fort Benning, em um ato de desobediência civil.

O padre franciscano Louis Vitale e Nancy Smith entraram na base no dia 20 de novembro. David Omandi, membro da comunidade Los Angeles Catholic Worker, e Christopher Spicer, membro da comunidade White Rose Catholic Worker de Chicago, escalaram a cerca de arame farpado, localizada na entrada principal de Fort Benning no dia 21 de novembro.

Vitale e Omandi não contestaram as acusações em um tribunal federal na manhã desta terça-feira. O juiz Stephen Hyles condenou-os a seis meses de prisão. Eles estão presos atualmente na cadeia do condado de Muscogee, com um pedido de transferência pendente.

Spicer e Smith se declararam inocentes. Ambos foram liberados sob fiança, com um julgamento marcado para o dia 5 de janeiro.

As prisões ocorreram durante a vigília anual do SOA Watch. Em seu 20º ano, a vigília comemora a morte dos mártires jesuítas de El Salvador e de milhares de outros latino-americanos com um encontro durante todo o final de semana.

Reunida pelo SOA Watch, organização fundada em 1990 por Bourgeois, a vigília anual chama a atenção para o treinamento de soldados para a América Latina, naquilo que costumava ser chamado de Escola das Américas e agora é conhecido como Instituto de Segurança e Cooperação do Hemisfério Ocidental - Whinsec, em Fort Benning.

Para ler mais:

Começa semana de ação pelo fechamento da Escola das Américas
Norte-americanos protestam contra a Escola das Américas
Pe. Bourgeois: não à Escola das Américas, sim à ordenação de mulheres
Mensagem para Obama: ‘Chegou a hora de fechar a Escola das Américas!’

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