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Síntese entre morte e vida se perfila a nova existência. Silo 1959

Desperta já universo! Não ouves rugir ao homem nos abismos? Desgarra os espaços e contempla como dirige o fogo  e cavalga ao fur...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A culpa é do(a) professor(a)?

http://www.mundojovem.pucrs.br/entrevista-10-2009.php
A culpa é do(a) professor(a)?


Na mídia, notícias sobre educação são publicadas não mais apenas em cadernos de ensino, mas também nas páginas policiais, desvelando agressões e agredidos. A luta a favor de melhores condições de trabalho coloca frente a frente o professorado e os governos. Entre tantas situações contemporâneas, pensar a atuação docente é um grande desafio, o qual deve mobilizar a todos nós.
O professor Sérgio Haddad, revela os desafios dessa importante profissão e nos convida a “transver” o mundo sob o olhar atento à recriação do papel dos(as) professores(as).

Sérgio Haddad,
professor, coordenador-geral da ONG Ação Educativa.
Endereço eletrônico: sergiohaddad@terra.com.br


Mundo Jovem: É possível afirmar que hoje há uma certa desvalorização do(a) professor(a)?

Sérgio Haddad: O processo de desvalorização vem junto com a universalização da escola, principalmente no Ensino Fundamental. Na medida em que houve uma abertura de vagas muito grande, e esta abertura foi feita com um volume de recursos que não acompanhou as necessidades. Simplesmente aumentaram o número de alunos na sala de aula, aumentaram as turmas, aumentaram as classes, enfim, um aumento de despesas não correspondentes. E o professor sofreu muito com isso e pagou com sua desvalorização.


Mas por que se culpa o(a) professor(a)?

Sérgio Haddad: Eu acho inclusive que, hoje, o(a) professor(a) passou a ser criminalizado. Antigamente você dizia o seguinte: com a universalização, a escola pública ficou pior, porque os pobres entraram na escola, a criança não tem experiência escolar, os pais não têm experiência escolar, então você empobreceu a escola pública. Naquela época culpabilizavam os alunos. Agora, o processo é outro.

Qualquer questão é um problema do(a) professor(a), com suas disponibilidades, com suas dificuldades. Ele(a) é o(a) grande responsável por todos os problemas que acontecem na escola. E não é bem assim, afinal existe uma quantidade de fatores que impactam a qualidade da escola pública, e nós não podemos deixar na mão do(a) professor(a) a única responsabilidade disso.

É comum ver nas páginas dos jornais e nos discursos dos governantes a responsabilização do professorado pela insuficiência da qualidade do ensino, alegando formação deficiente, absenteísmo e falta de compromisso pessoal com a carreira. A consequência imediata é a ausência d participação dos docentes nos debates públicos e na formulação das políticas, ficando na mão dos órgãos centralizados e dos especialistas o papel de conceber e formular ações pedagógicas, relegando ao professorado o papel mecânico de aplicar tais ações.


Isso não compromete o papel de educador(a)?

Sérgio Haddad: No novo cenário, eles(as) passam a ser o principal “bode expiatório” dos insucessos dos sistemas de ensino, recebendo a pecha de incompetentes e/ou descomprometidos, em grande parte do discurso de gestores e da imprensa. Parece evidente que tal deslocamento tem a ver com a mudança no perfil socioeconômico do professorado, decorrente da massificação da escola. Ele passa a ser composto por uma parcela cada vez maior de mulheres oriundas das classes populares, com participação crescente de afrodescendentes.

Diante desse cenário, impõe-se o desafio de compreender e denunciar os significados políticos e consequências pedagógicas desse processo de culpabilização dos(as) professores(as) e, principalmente, de fazer frente a ele, produzindo uma contraideologia nos marcos dos direitos humanos, da democracia e da justiça social. É fundamental desenvolver estudos, implantar políticas e apoiar iniciativas dos próprios professores e professoras que contribuam para a recriação de seu papel como educadores e servidores públi cos, intelectuais, ao mesmo tempo autônomos e comprometidos com um projeto republicano de educação pública de qualidade para todos.


O que tem a ver a classe social e a etnia das professoras?

Sérgio Haddad: O trabalho do professor foi feminilizando mais do que era. E mais do que isso, ele tem incorporado cada vez mais pessoas negras e pardas. São essas pessoas que estão dando conta e estão trabalhando nas escolas públicas. Por isso temos que tomar cuidado, porque nós podemos estar próximos de uma criminalização do professor que tem por trás toda uma visão machista, preconceituosa, racista, que a sociedade tem em relação ao professor.


E os casos de violência na escola, especialmente contra o(a) professor(a)?

Sérgio Haddad: As brigas na escola sempre aconteceram. Mas hoje tem a televisão que está dando uma dimensão muito grande a esses fatos. E temos que ter um pouco de cuidado com isso.

Eu diria que a violência não é uma característica da escola, e sim de toda a sociedade. Os casos de violência na sociedade, de maneira geral, cresceram: os muros subiram, as grades subiram, o número de vigilância privada cresceu... E a escola não é imune a esse comportamento da sociedade. Cresceu a falta de respeito entre pais e filhos, mudou o tipo de relação e isso também mudou na sala de aula. Daí muda também a característica da relação de respeito com o professor. A unidade escolar é um laboratório do que está na sociedade. O aluno não está isento e isso é que a gente vê refletido na escola.


Você identifica um processo de mercantilização da educação?

Sérgio Haddad: Eu acho que na medida em que os interesses privados entram na escola, você começa a ter algo que diz respeito menos ao sentido público dessa escola e mais ao que é diretamente ligado à questão privada. Um exemplo: hoje cada vez mais você vê sistemas educacionais entrarem nas redes públicas, subsídios privados, que botam apostilas, vendem aulas públicas que acompanham pelos telões, acompanhamento pela internet... E tudo isso vai criando uma visão muito própria e tirando do(a) professor(a) a capacidade de produção, de criação. É uma coisa dada, não é a experiência do(a) professor(a). Quando você tira isso da mão dele(a) e entrega para pessoas que produzem, você acaba privatizando de alguma forma o processo educacional. Você tira a ação pública desse(a) professor(a) para interesses privados de alguns deles, sob o ponto de vista da sua perspectiva pedagógica, da sua autonomia como profissional.


Há pesquisas que constatam que um grande número de professores sofre com problemas de saúde. A que se pode atribuir isso?

Sérgio Haddad: É um reflexo das condições de trabalho, dessa violência etc. Talvez em nenhuma outra profissão ou em poucas profissões você tenha que ficar frente a frente com um conjunto de 30, 40 pessoas, num confronto, dando conta de algo que é de difícil realização, pressionado de fora para dentro, culpabilizado pelo seu trabalho. É natural que isso afete a pessoa. E imagino que os alunos também se sintam “pesados” com essa situação.


A partir das mudanças do mundo, há uma exigência que o(a) professor(a) também mude?

Sérgio Haddad: Todo professor tem que se atualizar. Todo o processo de mudança social ou tecnológica tem que ser incorporado e o(a) professor(a) tem que ter condições de fazer isso. Se ele(a) estiver ocupado o tempo todo em dar aulas porque precisa sobreviver, vai ter dificuldade para se atualizar. Então é preciso que se deem as condições e se crie a disponibilidade para isso.


A valorização também passa pela remuneração. É importante estabelecer um piso salarial para o magistério?

Sérgio Haddad: É extremamente necessário. Mesmo assim, 950 reais para o ano que vem e para 2011 representam muito pouco. E ainda assim há governantes que entram na justiça para não pagar esse piso. É de chorar...


A luta do professor tem sido uma luta de classe. A sociedade civil, os pais, os alunos não deveriam se engajar mais na defesa da educação e dos educadores?

Sérgio Haddad: Essa talvez seja a grande questão: por que a luta da educação é uma luta somente do professor e do sindicato? Por que os pais não se mobilizam para isso? Pesquisas nacionais dizem que os pais estão satisfeitos com a educação. Talvez porque não tenham experiência. Hoje, de fato, as pessoas têm mais escolaridade do que antigamente. As novas gerações têm mais escolaridade do que a geração anterior, e isso já é um ganho. Talvez essa possa ser uma explicação. E acho que se a escola se abrir mais para os pais, se os pais puderem estar mais dentro dela, poderá haver maior engajamento. O próprio sindicato se fecha, não há diálogo com os pais. Teria que se estabelecer uma grande parceria com os pais.


Com tantas cobranças e tantas dificuldades, ser professor(a) é uma atitude heroica?

Sérgio Haddad: Eu diria que hoje, apesar dessas condições, ser um profissional nessa área já é uma grande vitória. Quem se submete a trabalhar nessas condições que estão colocadas para o(a) educador(a)? Precisa realmente ter muita vontade de perseverar e tentar realizar o seu trabalho. E acho que grande parte dos(as) professores(as) tem essa característica.

Que importância teve
o(a) professor(a) para você?

Eu não seria leitor, escritor ou cronista se não fossem algumas professoras que marcaram minha vida e me mostraram o prazer da leitura. Eram professoras incríveis, porque tinham um olhar para dentro do aluno, e isso que eu gostaria que os professores tivessem. É muito complicado, eu sei que hoje é difícil, mas olhem para cada um, mesmo aquele mais rebelde, o mais chato, o mais quieto... Alguma coisa nele tem que o leva a ser daquele jeito. Se o professor não tiver paixão pelo que faz, se não for entusiasmado, se não gostar da escola, mesmo com todas as dificuldades... Mas o que não é difícil? Tudo é difícil. Mas aquela é sua missão, aquele é seu ofício, então se jogue dentro dele, procurando transformar.


Ignácio de Loyola Brandão,
escritor.

Não é tarefa difícil escrever sobre a importância que os professores tiveram em minha vida. Na verdade há que falar sobre a importância que ainda têm, pois continuo como aluna, numa pós-graduação sobre neuropsicologia. Além de nos encantar com o conhecimento que possuem, professores nos estimulam a construí-los. Além de nos assombrar com o muito que há para aprender, professores nos fazem pensar e desejar. Ao pensar, fazemos uma releitura de mundo e ao desejar nos humanizamos, valorizando nossas emoções e as energias que nos impulsionam. Todas as homenagens seriam poucas, pois como educadores que são, os professores nos ensinam a estabelecer relações com o saber. E tais relações são sempre positivas e oportunas.

Rosita Edler Carvalho,
doutora em Educação pela UFRJ e escritora.

domingo, 25 de outubro de 2009

Em crise de credibilidade, Folha continua a perder leitores...

O SENADOR PASTEL

O SENADOR PASTEL

Laerte Braga

À primeira vista pode parecer Eduardo Suplicy e seus cartões, cuecas, suas intermináveis e chatíssimas explicações sobre o movimento de rotação e suas diferenças com o movimento de translação.

Não é não. É Eduardo Azeredo, senador do PSDB de Minas Gerais. O dito está no fio da navalha. O ministro Joaquim Barbosa do STF cobrou do presidente da STF DANATAS INCORPORATION LTD, Gilmar Mendes, a colocação em pauta da denúncia contra Azeredo. O senador é o inventor do "mensalão". Ele e o ex-deputado atual prefeito da cidade mineira de Juiz de Fora Custódio Matos.

Há meses a papelada rola para lá, rola para cá, mas fica no mesmo lugar.

É fácil explicar. Quando surgiram as denúncias e provas que Azeredo usou um esquema montado por Marcus Valério para colher dinheiro (tucano é fogo, colhe, pois planta em privatizações, concessões, etc) e tentar reeleger-se governador de Minas, o senador tratou de avisar a FHC que se algo lhe acontecesse de ruim iria jogar toda a sujeira tucana no ventilador.

FHC, cínico e falso "como nota de três reais", expressão de Itamar Franco, chamou Gilmar ou mandou emissário, um trem qualquer e deu a ordem. Nada de ruim pode acontecer a Azeredo, do contrário "estamos todos lascados".

Gilmar cumpriu a risca, aquele negócio de sobrestar a denúncia contra Azeredo. Como vai resolver a confusão agora, já que o ministro Joaquim Barbosa estranhou a demora, não sei, é outra história. Mas isso soa como resposta às declarações do funcionário da STF DANTAS INCORPORATION LTD sobre as viagens de Lula e Dilma país afora, na inauguração de obras do PAC.

Azeredo foi eleito vice-prefeito de Belo Horizonte em 1988, na chapa de Pimenta da Veiga. Pimenta renunciou um ano e meio após a eleição para disputar o governo do Estado e foi derrotado por Hélio Garcia. Azeredo virou prefeito até o final de 1992. Em 1994 foi eleito governador de Minas por absoluta falta de opção do eleitorado.

Três candidatos disputavam o governo. O atual vice-presidente José Alencar, o ministro das Comunicações Hélio Costa e Azeredo. Por algo menor que um por cento Hélio Costa não levou as eleições no primeiro turno. Perdeu-as para Azeredo.

O hoje senador nunca foi levado a sério no mundo do tucanato. Prefeito por circunstâncias imprevistas, a renúncia de Pimenta da Veiga (ou previstas e fracassadas), virou candidato a governador quando se achava que ninguém conseguiria derrotar Hélio Costa. Uma espécie de vai lá disputa e pronto. E vice-prefeito de Pimenta da Veiga nas alianças de oligarquias familiares de Minas. Eduardo Azeredo é filho de Renato Azeredo (o pai tinha caráter), um dos principais colaboradores de JK e depois de Tancredo. Pimenta da Veiga é filho de João Pimenta da Veiga, deputado estadual por vários mandatos e cacique do antigo PSD.

Em 1998 quem andou no fio da navalha foi FHC. O presidente tratou de comprar um segundo mandato. Uma espécie de liberou geral no Congresso Nacional. Leilão assim de concessões de rádio, tevê, dinheiro vivo, tudo sob a coordenação de Sérgio Motta (ministro das Comunicações à época) e ACM, então figura maior do conjunto de máfias do Congresso.

Comprados os deputados e senadores e "aprovada" a reeleição, FHC enfrentou o desafio de Itamar Franco. O ex-presidente lançou-se como pré-candidato e foi à convenção do seu partido à época, PMDB. Perdeu na fraude e na compra de votos dos convencionais. Segundo um deles, fato amplamente noticiado pela imprensa na ocasião, naquele dia não havia uma garota de programa disponível, estavam todas atendendo aos convencionais do PMDB. Junto com a tropa de choque tucana para qualquer eventualidade.

A candidatura Itamar colocava em risco a reeleição de FHC.

O ex-presidente decidiu então ser candidato ao governo de Minas e mandou um recado claro a FHC. Qualquer problema e eu boto a boca no trombone. O outro candidato era Azeredo, que disputava a reeleição.

FHC pouco apareceu em Minas e no segundo turno das eleições para o governo daquele estado, perguntado sobre seu candidato respondeu que "os mineiros é que decidem quem devem governar Minas". Só que, na mesma entrevista, havia defendido, minutos antes, o voto em candidatos tucanos em outros estados. Quer dizer, rabo preso, sentou em cima e jogou Azeredo às feras.

Itamar foi eleito governador do estado. Naquele ano outra figura mostrou seu verdadeiro caráter, embora não tenha sido, ainda, totalmente desmistificado. O senador Christovam Buarque de Holanda. Candidato à reeleição ao governo de Brasília foi derrotado no segundo turno por Joaquim Roriz. Buarque apoiou tucanos explicitamente e recebeu o apoio também explícito do ministro da Fazenda de FHC, Pedro Malan.

Sem mandato Azeredo esperou as eleições de 2002 e candidatou-se ao Senado, eram duas vagas em disputa. Uma para ele, outra para Hélio Costa Sem o trio que dizia para ele onde estava o óculos, onde assinar (sua mulher, Maresguia - vice-governador - e Roberto Brant - renunciou ao mandato de deputado para não ser cassado por corrupção -), cumpre mandato melancólico.

É uma espécie de depósito de projetos e serviços sujos. É dele o projeto que eliminava a perspectiva do voto impresso na urna eletrônica como forma de garantia da integridade do processo, já que as suspeitas de vulnerabilidade eram e são visíveis a olho nu. Apresentou-o atendendo a Nelson Jobim, então presidente do STF, líder tucano no Judiciário (ele próprio se definiu assim mesmo sendo do PMDB).

É dele a ação para bloquear a aprovação do acordo que permite o ingresso da Venezuela no antigo MERCOSUL. Quer dizer, parece dele, mas é apenas laranja de outros interesses, como no caso do voto impresso.

Ao tomar conhecimento da reclamação do ministro Joaquim Barbosa o senador já mandou avisar a FHC que ou o ex-presidente segura o trem com Gilmar Mendes, trata de arrumar um jeito de ser arquivada a denúncia, ou então vai colocar a boca no trombone.

Sem votos em Minas, não vai ser candidato à reeleição. Já cumpriu o papel que lhe cabia cumprir, vai para o almoxarifado dos inúteis, deve virar deputado federal.

O que vai acontecer a ele e ao prefeito de Juiz de Fora, Custódio Matos, seu parceiro nas extorsões do mensalão não sei. Sei, por exemplo, que Juiz de Fora está sendo loteada entre aqueles que contribuíram para a campanha e eleição do empregado de Azeredo, com ganhos significativos para os gerentes do "negócio". Um dos mentores virou inclusive conselheiro do Tribunal de Contas do estado. O ex-deputado Sebastião Helvécio.

Azeredo é uma pálida demonstração da genética tucana. Mas é o tal negócio, se abrir a boca coloca os grandes cromossomos tucanos num buraco sem tamanho, pois o esquema ali é bravo e chega a ser inimaginável tentar imaginar do que é capaz um tucano para chegar ao poder. E do que é capaz um tucano no poder.

Como Gilmar vai se sair dessa não sei, mas tenho um palpite que sai. O mundo institucional é exatamente uma aliança entre os representantes (auto presumidos) de Deus e os conhecidos do diabo.

Um paraíso fajuto onde só lucram figuras como essas. Um pastel de vento padrão Eduardo Azeredo. Agora que FHC está se mexendo para não correr riscos, isso está. É mais ou menos como se Azeredo tivesse espalhado papéis contando a história para todos os lados e o intocável do esquema FIESP/DASLU, com conexões na Fundação Ford, bota conexões nisso, estivesse, nesse momento, imprensado contra a parede. Mas sai.

VEJA está atrás de "provas" que possam deixar Azeredo em situações constrangedoras

É o jogo sórdido e um pastel de vento como o senador pode colocar por terra todo o esquema pacientemente montado para retomar a chave do cofre em 2010 e passar a escritura do Brasil para Brazil S/A.

O diabo é que as "provas" de VEJA podem respingar em FHC e em posições ridículas e ressuscitar Pimenta da Veiga num baita constrangimento.

Seria o caso, não é, pois pagamos as contas, de dizer eles que são grandes, eles que se entendam.

domingo, 4 de outubro de 2009

democracia 2.0

Democracia Líquida no Brasil: Uma Realidade Possível (a curto prazo!)

English version here

O que é?

Democracia Líquida é um método de tomada de decisão em grupo que funciona mais ou menos como uma “democracia direta para pessoas que sabem que não são especialistas em um assunto, mas conhecem pessoas em que elas confiam e que sabem mais sobre esse assunto do que elas”.

É muito mais democrático do que a Democracia Representativa (a que temos hoje no Brasil, com deputados, senadores, vereadores), e muito mais factível do que aDemocracia Direta, onde todo mundo vota em tudo. Como na democracia direta, a pergunta pode ser respondida por todo mundo mas, no caso da Democracia Líquida, a resposta pode ser “eu voto o que o fulano votar”. Cada pessoa pode escolher “assessores” para determinados assuntos, como os deputados fazem hoje.

Por exemplo, você não sabe nada sobre a matriz energética do Brasil e suas necessidades, mas tem um amigo engenheiro elétrico que sabe muito disso e que tem opiniões parecidas com as suas, então ele vira seu “assessor” em matérias de Energia: a não ser que você vote diretamente, o voto dele passa a valer um a mais. Ele, em determinadas questões, pode não estar completamente seguro sobre o assunto específico: ele é engenheiro elétrico, estão votando exploração do petróleo. Mas ele conhece um geólogo que entende e tem os mesmos valores que ele, então delega seu voto. O voto do geólogo passa a valer dois a mais (o seu e o do engenheiro elétrico).

Nos assuntos que te interessam mais e sobre os quais você entende melhor, você vota diretamente.

Se você simplesmente não se interessa por nada e não quer gastar seu tempo com isso, é só delegar tudo. Fica igual a nós todos hoje, com alguém votando tudo por nós sem nossa intervenção, com a exceção que, neste caso, quem vai votar por você serão pessoas que você conhece e com quem pode conversar pessoalmente se precisar, e você não precisa esperar 4 anos se quiser trocá-las.

Importante:

Não existe mandato. Se estiver insatisfeito, você pode trocar de assessor a qualquer momento.

Importantíssimo:

Você sempre pode votar diretamente. Não importa se você delegou seu voto para um determinado assunto. Se você for e votar diretamente, a delegação não conta naquela votação: seu voto vale 1 (mais o número de pessoas que delegaram pra você) e o do seu assessor passa a valer esta quantidade a menos. Como você pode ver o que o seu assessor vai votar antes que ele vote de fato, se você discordar é só ir lá e votar você mesmo.

Como faz?

Dissolvemos câmara dos deputados, senado, assembléias legislativas estaduais e câmaras de vereadores, criamos um site de elaboração e votação de leis e instituimos que este será o único meio pelo qual estas duas coisas serão feitas, certo?

Calma. Ninguém vai pegar em armas, ninguém vai dissolver nada. Como eu disse, esta é uma revolução factível, não um sonho distante e utópico.

Uma maneira que alguns suecos inventaram de fazer isso foi criar um partido (oDemoex) e eleger um “vereador-laranja” que vota na câmara o que for tirado pelos membros do partido através de um sistema online de democracia líquida. Tudo bem, eles começaram só com uma cadeira, mas já conseguiram resultados bem legais. A idéia é muito boa e parece que já foi tentada no Brasil (não consegui achar muita informação). Mas eu tenho uma idéia diferente que não envolve eleger ninguém.

Parlamento Aberto

Criamos o tal site com o sistema de democracia líquida, pegamos as pautas da Câmara Federal antes de cada plenário e jogamos lá. Discutimos, delegamos, votamos. Somos nosso próprio parlamento paralelo, cada um de nós um deputado. Simples assim.

Que diferença faz?, você pergunta. Só eu e você? Não muita. Agora imagine 10% da população brasileira (ou mesmo só de São Paulo) usando isso. Os deputados começariam a dar atenção. Começaríamos a ter influência. Eu consigo imaginar um deputado, na véspera de uma sessão do plenário, consultando o site pra ver o que eu e você votamos. Agora imagine 30%. Depois 50%. Só um louco nos ignoraria. Sem que tenhamos eleito nenhum “laranja” nós mesmos, todos os deputados, aos poucos, entrariam na discussão e passariam a ser voluntariamente nossos laranjas. Afinal de contas quem, depois de ver uma parcela gigante do eleitorado votar de um jeito no site, votaria de maneira contrária no plenário?

Ah, claro: depois que eles votarem, comparamos as escolhas deles com as nossas. “73% dos cinco milhões de usuários do Parlamento Aberto votaram contra a lei do Azeredo; 340 dos 513 deputados da Câmara votaram a favor. Estes são os deputados que votaram a favor: Fulano, Ciclano, Beltrano”.

E, depois que você tiver um certo número de votações registradas no site, podemos fazer comparações personalizadas. Você vai ao perfil do Fulano (deputado federal, talvez o que você elegeu na última eleição) e lá está: em 70% das votações, Fulano votou diferente de você. Hm… será que você vai votar nele na próxima eleição? Talvez você queira consultar a lista de todos os deputados, ordenada por quão parecido com você eles votaram. Escolher um representante por quanto ele te representou e não pela campanha, quem diria hein?

Mas está faltando alguma coisa pra isso ser um parlamento de verdade. Até agora, nós estamos apenas votando nos projetos de lei elaborados pelos deputados. Por que não criarmos nossos próprios?

Se a proposta do Túlio Vianna virar lei, poderemos elaborar colaborativamente projetos de lei no próprio site (wiki?), debatê-los e encaminhá-los à Câmara para votação. Precisaríamos de mais ou menos 1 milhão de apoiadores. Veja que não é tanta gente quanto parece. O Orkut tem mais de 30 milhões de usuários no Brasil (você poderia inclusive pedir pros seus amigos no Orkut assinarem). Como qualquer outro projeto em votação na Câmara, ele passaria antes por nós, e já iria para o plenário com o peso dos nossos votos.

E mesmo se a proposta do Túlio Vianna não passar, tudo o que precisamos é de mais ou menos um milhão de assinaturas reais, em papel. A elaboração e a discussão ainda podem ser feitas no site. Depois disso, cada pessoa interessada imprime o texto do abaixo-assinado, assina embaixo e manda pelo correio para a ONG que vai gerenciar o Parlamento Aberto. A ONG recolhe as assinaturas e encaminha o projeto de lei à Câmara. Pronto.

Cortando o atravessador

Podemos elaborar leis nós mesmos e mandá-las para a Câmara. Podemos influenciar a Câmara para que vote o que nós votarmos. Somos um Parlamento completo.

Quando tivermos este tipo de controle, iremos nos perguntar: pra que temos mesmo uma Câmara? Pra que gastamos esta quantidade monstruosa de dinheiro pagando deputados, assessores, secretários, faxineiros, motoristas, etc.? É, realmente não faz muito sentido. Vamos manter o Parlamento Aberto e cortar o resto.

Por que vai funcionar?

Como eu disse, isto não é uma utopia. Ok, a parte de cortar o atravessador talvez seja. Mas votar leis como qualquer deputado — e ter o nosso voto ouvido — e criar nossas próprias leis são coisas que dependem de muito pouco: software (livre, claro) e usuários.

Haverá, claro, a necessidade de um empenho grande de algumas pessoas para que o site seja criado: programadores, designers, gente disposta a testar e dar feedback.

Também será grande o esforço para que o site tenha uma adoção significativa. Precisaremos de comunicadores para divulgar a idéia e atrair novos usuários. Precisaremos de jornalistas, comentadores políticos e cidadãos engajados para alimentar a discussão no site e dar-lhe vida.

Talvez dê muito trabalho participar e fique difícil convencer novas pessoas a se cadastrarem, certo?

Errado. Como em todo site de conteúdo gerado por usuários, quem desenvolve e divulga o site e quem gera a maior parte do conteúdo é uma fração minúscula do número total de usuários (pense no YouTube). A maioria interage muito pouco, contribui quase nada e ainda consegue tirar proveito. E, mesmo assim, constroem-se comunidades vibrantes e ricas.

O cidadão mais desinteressado e preguiçoso precisará fazer muito pouco, então não será tão difícil convencê-lo a se envolver. “É só criar um login e escolher uns amigos pra votarem por você”. Ele receberá um email de vez em quando falando “olha, tem essas coisas sendo votadas, você se interessa?” e o deletará. E depois outro dizendo “tal amigo seu votou a favor disso por você, outro amigo votou contra aquilo” e também o deletará. Mas ele estará, pelo menos de uma maneira passiva e vaga, informado sobre o que anda acontecendo, o que já é mais do que temos hoje. Nestes emails, alguma coisa talvez lhe salte os olhos. O amigo que vota por ele pode ligar e conversar sobre o que está sendo discutido (coisa que deputado algum jamais faria). Mesmo com o mínimo de esforço ainda há mais democracia.

Como chegar lá?

Não precisamos fazer tudo de uma vez. O site pode começar muito simples e ir agregando funcionalidades aos poucos.

O primeiro passo é criar um simples sistema de acompanhamento de deputados, algo parecido com o Twitter. Você vai até o “perfil” de um deputado e escolhe “seguir” seus votos (e *apenas* os votos), seja por email, RSS ou qualquer outro jeito. Toda vez que ele vota alguma coisa você recebe uma notificação: “Fulano votou X na votação sobre Y”. Colocamos no site o texto do que foi votado para debate, algo parecido com isso.O desenvolvimento desta parte já está em andamento.

Em seguida, adicionamos um sistema simples de votação direta pós-fato (inicialmente, é mais fácil lidar com votações que já ocorreram do que com a pauta antes das sessões). Você recebe “Fulano votou X na votação Y, o que você teria votado?“. Clica no link, vai até o site e vota. Com isso já dá pra fazer as comparações citadas acima do seu histórico de votações com o dos políticos.

O bom de fazer as coisas nessa ordem é que o site vai ficando incrementalmente mais útil. Ele não precisa de uma massa gigante de usuários logo no começo pra fazer algum sentido. Mesmo se você for o único usuário, já se beneficia de informação sobre os políticos, suas atividades e o quanto eles te representam.

Depois disso, aos poucos, vamos introduzindo outras funcionalidades: votação sobre a pauta antes da sessão no plenário, sistema de escolha de assessores e delegação de votos, sistema de elaboração colaborativa de projetos de lei, etc.

Começamos primeiro com a Câmara Federal porque é o órgão legislativo que mais disponibiliza eletronicamente informações sobre sessões, votos e deputados. Na maioria das assembléias estaduais e câmaras de vereadores, esta informação está em atas de papel, e só consegue ver quem tem a paciência de ir até lá. À medida que estas começarem a ser disponibilizadas online também, passarão a ser incluídas no site.

Como eu ajudo?

Como dá pra ver, tem muita coisa a ser feita. Precisamos de desenvolvedores, designers, comunicadores, lobistas (pra convencer as assembléias e câmaras municipais a disponibilizarem seus dados na internet), testadores, críticos, captadores de recursos, advogados, enfim, não importa o que você faça, tem como você ajudar.

Eu criei um grupo de discussão para começar a agregar os interessados. Cadastre-se em: http://groups.google.com/group/parlamento-aberto.

Referências

Conteúdo:

http://campaigns.wikia.com/wiki/Liquid_Democracy (en)
http://en.wikipedia.org/wiki/Proxy_voting#Delegated_voting (en)
http://en.wikipedia.org/wiki/Delegative_Democracy (en)
http://www.brynosaurus.com/deleg/deleg.pdf (en)
http://p2pfoundation.net/Decision-Making_Tools (en)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Demoex_-_democracia_experimental (pt)
http://www.opencongress.org/ (en)
http://legistalker.org/ (en)
http://www.democracia.com.br/ (pt)

Discussão (veja também os comentários):

http://tuliovianna.wordpress.com/2009/07/19/democracia-digital-direta-ja/ (pt)
http://www.trezentos.blog.br/?p=2193 (pt)

Perguntas?

Não deu pra cobrir tudo acima, senão o texto ficaria longo demais. Mas, por favor, usem os comentários. Existem várias questões que ainda precisam ser debatidas (segurança, anonimidade, exclusão digital, etc.) e eu ficarei feliz em responder às perguntas.

Update: parece que já tem algo do gênero sendo desenvolvido emhttp://www.democracia.com.br/. Tem acompanhamento e votação direta, mas não consegui me cadastrar nem acessar o blog. Ainda está ativo?

in http://helderribeiro.net/?p=180

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Somos Todos Responsáveis por Todos: Cultura

Cultura. Que palavra mais estranha! O que tem haver Cultura com Responsabilidade Social?
Existem muitas ideias sobre o que seja essa tal de Cultura. Tem gente que pensa que o ser humano produz Cultura. Tem gente que pensa que o ser humano é produto da Cultura. E tem gente que pensa que o ser humano é produto e produz, produz e é produto... Quanta produtividade!
Ficar pensando nisso é pensar que pensa, quando, na verdade, não se pensa. É debater sexo dos anjos, como diria minha vozinha.
Mas, seja lá como for, sem dúvida nenhuma, Cultura é saber compartilhado.
Como não sou tão ignorante em matéria de lingua portuguesa (só um bocadin), quando digo que é, é. Porque é.

É - verbo - ser no tempo presente.
E que diacho é PRESENTE? - tava doido pra usar esta palavra - diacho
Presente é um momento no tempo. Liga o passado e o futuro. Mas não é possível ser apreendido. O presente é imponderável. É um tempo que não existe.
Por outro lado, é o único real.
Já se perguntou por que temos a sensação do tempo? O que nos permite perceber o tempo?
É o movimento. Não há tempo na inércia. Na inércia o espaço é nulo.
Tá mas se o presente não existe como é que eu sinto que vivo somente no presente?
Aí que tá! Como o movimento é percebido, tenho a sensação de passado e, por extenção, a perspectiva de futuro.
Se por um lado o presente não existe, no sentido de que a consciência não se situa nele, por ser efêmero - e que ora se projeta para o futuro, ora para o passado.
- (não vou tocar no tema do pos-morte, porque aí as percepções são de outra ordem)
POR OUTRO LADO ... É somente nele, no presente, que a consciência se reconhece.
Mesmo se lembrarmos do passado ou imaginarmos o futuro, o fazemos desde o presente.
O ser humano não existe no passado, ele existiu, ele não existe no futuro, ele existirá.
Não podemos mudar o futuro, porque ele não aconteceu, e não podemos mudar o passado, porque já aconteceu.
Então o que é o presente. O presente é tão somente o instante da escolha. E escolhemos o tempo todo, todo o tempo. Seja no passado, como possibilidades realizadas, seja no futuro, como possibilidades a realizar. Sim. O Tempo nada mais é do que possibilidades.
Mas o futuro guarda uma peculiaridade em relação ao passado. Não podemos mensurar quantas possibilidades de escolha temos, a futuro. E não podemos pelo simples fato de o Tempo ser infinito. E, ao realizarmos nossas escolhas passadas, fechamos uma cadeia de possibilidades.
Podemos dizer que nossas escolhas se limitaram às circunstâncias (às inúmeras intenções de outras pessoas) e às nossas intenções.
Cabe lembrar que nossas inteções são influenciadas por outras pessoas - intenções externas à minha consciência que assumo como parte integrante de minha existência.
E o que isto tem com Cultura? Tudo.
É no Tempo que a Cultura emerge e se transforma.
Pense numa coisa. Todas as escolhas que te formaram, foram realizadas unicamente por você?
Será que é verdadeiro o dito: quem planta colhe, ou melhor, que colhemos o que plantamos?
Acredito que já tenha percebido que ao fazer uma escolha arrasta tua existência nesta ou naquela direção. Quando escolhe o fazes desde tua intenção.
Mas tua vida é também devida a escolhas de terceiros. Não é mesmo?
intencionalidade de teus pais, teus avós, das pessoas em geral, que de uma maneira ou de outra lhe influenciaram nas tuas escolhas. Ou que, por sorte ou azar, fizeram escolhas por você.
Pois bem. Parece que as escolhas que você fizer afetarão a vida de outras pessoas, para o bem ou para o mal, queira você ou não. E mais, toda e qualquer escolha feita por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, lhe afetará.
A Cultura é muito importante. Por isso cuide de suas escolhas. Que as tuas intenções sejam coerentes. Se, produzires algum mal, este voltará. Se, ao contrário, produzires algum bem, este também lhe voltará. Porque hoje, mais que nunca, estamos todos interconectados.
Somos todos responsáveis por todos.



quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sobre os liberais e sua visão anti-humanista

Quantas vezes ouço algumas pessoas dizerem que o sucesso e o fracasso são consequências de nossas ações. Que somos livres e por isso, responsáveis por nossos atos - sucesso e fracasso. E que o fracasso e o sucesso se mede pela felicidade, que por sua vez é medida por seu grau de consumo. Pior!!! Dizem muitos que somente através do trabalho é que se consegue o dinheiro necessário para a vida que sonhamos e pedimos a Deus.
Putz!!! O que dizer dos bilhões de seres humanos que sacrificam suas existência trabalhando horas a fio e, embora não tenham tempo para nada além da manutenção de sua subsistência, jamais poderão ser felizes?!
Vivo numa realidade que me permite coisas e que, para a grande maioria dos seres humanos, não lhes são permitidas. Entretanto, convivo dia-a-dia com pessoas próximas totalmente submersas numa espiral sem sentido, à qual recaio por força da atração e de minhas debilidades.
Mas sinto que a direção - coerente - está dada. A História se fará cargo das mudanças necessárias para a Humanização da Terra. E os seres humanos do futuro, e já alguns, perceberam que todas as formas de violência são um obstáculo para a verdadeira felicidade. Não entendo que a felicidade seja a posse de coisas e pessoas, mas a possibilidade de relações humanas dignas da superação de toda dor e sofrimento que exista.
É possível a compreensão de que a dor de um ser humano, de que o sofrimento de um ser humano, afeta e faz mal à toda humanidade? Sim, é.
Mas preciso dizer algo sobre a construção do ser humano. O que nos distingue dos outros seres da Natureza é o fato de sermos produto e produtores de Cultura. E o que vem a ser Cultura?
Não importa se acreditamos que o ser humano produz cultura ou se é produto da mesma. De fato, tanto faz! Vou deixar para o próximo post...
O individualismo busca explicar a desigualdade pela diferença, justificando as diversas formas de violência como sendo "naturais e insuperáveis".
A Doutrina Liberal representa, para os seres humanos, um sério obstáculo, pois torna o ser humano um cadáver de seus interesses. Os liberais, em nome de uma incoerente liberdade, julgam que uns são merecedores e outros não, de oportunidades. Na base da crença liberal está a idéia de que os seres humanos são desiguais e independentes por natureza. Que as vontades individuais são suficientes para a validade do "contrato social". Mas se para que possamos imaginar um contrato justo é necessário crer que as partes estão plenamente cientes das implicações e que têm acesso a todas as informações necesárias - e conhecimento - como acreditar nisto se não há democracia nos meios de comunicação? Se há um gigantesco monopólio das informações e, sobretudo, se a manipulação é parte integrante deste sistema político, econômico, cultural e social do qual fazemos parte.
Ignoram - mas não desconhecem - que as "vontades individuais" estão submetidas às circunstâncias. Que Eu sou eu e minhas circunstâncias. Portanto, esta vontade não é independente e sim, limitada pelas circunstâncias. Quanto à idéia de sermos "naturalmente desiguais" esconde uma perversa visão de que, estamos submetidos ao reino da natureza onde os mais fortes e mais aptos vencem, relegando à concepção de sociedade a um mero aglomerado de pessoas que se relacionam segundo interesses e que a Cultura seria um reflexo destas necessidades.
Claro que a Doutrina Liberal atende aos interesses e ditames dos ricos e poderosos. À parcela dos 1% da população mundial que determina, através dos diversos mecanismos de controle social - materiais e imateriais - como devem ser estabelecidas as relações sociais, políticas, econômicas e culturais.
Mas se a Doutrina Liberal serve apenas a alguns pouquíssimos - e isto é uma ilusão, pois tem consequências nefastas também para estes mesmos detentores da riqueza mundial, coisa que não vou desenvolver agora - como aqueles que não são beneficiados direta ou indiretamente por esta Doutrina Liberal, defendem esta forma de sentir, pensar e agir, tremendamente predatória?
Isto me tem levado a estudar em Psicologia Social, com base na Teoria da Representação Social, a relação entre a construção dos sentidos e significados e aquilo que conhecemos por Ideologia.
Meus estudos ainda são exploratórios, o que não me permite tecer muitos comentários mais.
Oxalá eu tenha possibilidade de seguir meus estudos. E assim, espero contribuir para a superação do sofrimento e da dor humana. Esta dor e este sofrimento que precisam ser superados em mim, naqueles que me rodeiam e em toda a humanidade, a fim de que possamos transcender, atingindo um nível de consciência superadora desta falsa dicotomia engendrada pela ignorância e pelo medo. Dicotomia que separa indivíduo de sociedade, que submete o ser humano à incoerência, que separa o sentir, o pensar e o agir, como se fossem independentes e desiguais. Como se não fossemos unos e indivisíveis.
A tod@s
Paz, Força e Alegria

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Primeiro Post

Só pra inaugurar esse blog.
https://sincronariodapaz.org/calcula-kin/?dia=15&mes=9&ano=2009
O nome surgiu de repente...
Existe vida...nesse blog!!
Pois há muitos blogs sem vida...fica aqui a primeira crítica também!
Amo a minha esposa, se eu não escrever isso ela me mata!
E como eu sou a favor da vida, sobretudo a minha, PATRICIA EU TE AMO!!!

https://sincronariodapaz.org/calcula-kin/?dia=15&mes=9&ano=2009